Seja você mesmo (a), mas sem se desculpar

Você se pergunta o que seria diferente se você fosse um orador fluente? Como você seria percebido pelos outros? Estas perguntas deixarão de ter relevância quando você entender que pode ser o que quiser, independente da sua fluência na fala. Você não precisa da aprovação dos outros para ser você mesmo (a).

Não faz muito tempo, ouvi Anna Wintour, editora chefe da revista Vogue, dizer: “Seja você mesmo (a), mas sem se desculpar”. Esta frase resumiu bem minha visão pessoal sobre como devemos lidar com a gagueira. Já vi pessoas que gaguejam se desculpando pelos momentos de disfluência e deixando de viver os seus sonhos ou de serem elas mesmas por causa da fala.

A constante necessidade de aprovação e validação pode nos impedir de sermos nós mesmos, afetar a nossa autoconfiança e impactar diretamente no fluxo de fala, especialmente quando nos esforçamos para sermos aceitos ou apreciados pelos outros.

Eu caí nessa armadilha por vários anos, até que entendi que ser eu mesma era o melhor caminho a ser trilhado. Por que a gagueira deveria ter precedência sobre minhas habilidades e meus talentos? A disfluência não define quem somos, quem podemos ser, ou o que podemos conquistar.

Me tornar protagonista da minha vida não significa que a gagueira desapareceu milagrosamente ou que não me incomoda mais, mas que eu decido conscientemente até que ponto vou permitir que ela afete minhas decisões e minhas atividades diárias. Assumir essa liderança requer esforço diário, mas é um caminho gratificante que além de me libertar do meu próprio estigma sobre a gagueira, me permite ganhar a auto-estima necessária para ser eu mesma.

Esperamos que os outros prestem atenção no que dizemos e não à forma como nos comunicamos, mas somos, muitas vezes, os primeiros a criticar e julgar nossa própria maneira de falar. Precisamos aprender a nos valorizar e nos respeitar mais. Não precisamos ser fluentes para compreender nosso valor, nem devemos nos desculpar por nossa falta de fluência quando estamos tentando nos comunicar da melhor maneira possível. O círculo vicioso de autodepreciação pode transformar a gagueira em um monstro invisível e invencível que nós criamos e alimentamos diariamente, permitindo que ela controle e limite as nossas vidas. Quando enxergamos mais profundamente quem somos como um todo, percebemos que somos naturalmente dotados de dons e talentos e que a vida é muito curta para vivermos um personagem.

É preciso coragem e um bom nível de auto-estima pra nos permitirmos a liberdade de sermos nós mesmos sem receio do julgamento alheio, mas na prática, nem sempre conseguimos. Às vezes, estamos tão habituados a viver um personagem, que já nem sabemos quem realmente somos, mas tudo começa com a nossa disposição de trabalhar o auto-conhecimento e entender o que está causando essa falta de autoconfiança. A decisão sobre qual caminho tomar está nas nossas mãos.

Eu acredito que o amor próprio seja um ingrediente fundamental na forma como lidamos com a gagueira e como nos mostramos ao mundo. Aqui, gostaria de usar novamente as palavras de Anna Wintour para enfatizar: Seja você mesmo (a), mas sem se desculpar!

Se você tem dificuldade com a autoconfiança e não sabe por onde começar, converse com um parente ou amigo próximo ou procure um terapeuta profissional que possa te ajudar. Você descobrirá que por traz da gagueira existe uma pessoa cheia de sonhos, talentos e habilidades incríveis. Talvez, você precisará revisitar alguns eventos emocionais do passado e fechar certos capítulos pra então começar a viver a plenitude de ser você mesmo (a). O aumento da autoconfiança pode melhorar a fluência, ou pelo menos te ajudar a lidar com a gagueira de uma maneira mais leve.

E se você já passou por essa transformação, encontrou sua voz e se senti livre pra ser você mesmo (a), compartilhe conosco a sua experiência. Sua história pode inspirar outras pessoas!

 

 

2 thoughts on “Seja você mesmo (a), mas sem se desculpar


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